A freguesia de Ponta Delgada está localizada a cerca de 6 quilómetros da sede do concelho de S. Vicente, na Ilha da Madeira, Arquipélago homónimo. O seu padroeiro, é o Senhor bom Jesus, celebrado no primeiro dia de Janeiro, cuja a imagem, segundo a lenda, terá aparecido dentro de uma caixa, que deu à praia no ano de 1940. No primeiro fim de semana de Setembro é celebrado um grande arraial, em honra do Santíssimo Sacramento, mais conhecido pelo “arraial do Bom Jesus”, ao qual ocorrem romeiros de toda a ilha, cuja tradição remonta ao séc. XVI, com as famosas romarias à Ponta Delgada.
A Ilha da Madeira, cujo povoamento e exploração teve início em 1419, a mando do Infante D. Henrique, desempenhou um papel fundamental nas grandes descobertas portuguesas, tornando-se famosas as suas rotas comerciais a todo o Mundo Atlântico. Manuel Afonso Senha, escudeiro de D. Fernando, partiu para a ilha da Madeira ao serviço do Infante D. Henrique, governador da ordem militar de Cristo, e Senhor no temporal destas ilhas. Manuel Afonso Senha casado com Leonor Ribeiro colono oriundo de Braga e que para sua sesmaria fez transplantar seu patrono (Bom Jesus do Monte, Braga) fixou residência no território da actual freguesia de Ponta Delgada, onde lhe foram dadas muitas terras de sesmarias, de cuja terça fez morgado em seus descendentes, por testamento; o fundador desta povoação faleceu a 1 de Abril de 1507, e jaz sepultado na Igreja Paroquial onde Jaz também seu neto António de Carvalhal, cavalheiro do hábito de Cristo e fidalgo escudeiro da casa d’El Rei, que faleceu a 15 de Julho de 1598. Foi o fundador desta povoação que aqui instituiu uma ermida dedicada ao Senhor Bom Jesus. Desde cedo que esta freguesia se denominou Ponta Delgada, porque segundo Gaspar Frutuoso, na sua obra “Saudades da Terra”, era uma povoação “esguia, que, pelo contraste, ao lado, com desabridas penhas, ficou sendo a Ponta Delgada”; no entanto, a povoação era também conhecida por Corte do Norte, por aqui terem residido, durante séculos, antigas e nobres famílias madeirenses, proprietárias de moradias.
Ponta Delgada capelania – curato e nela se estabeleceu a sede da paróquia, criada em 1550. Alargando-se o povoamento para o interior, veio o alvará régio de 4 de Fevereiro de 1733 criar o curato da Boaventura, com sede na capela de Santa Quitéria, que ali fora construída alguns anos antes pelo povo, tornando-se paróquia autónoma no ano de 1836, desanexando-se assim da freguesia de Ponta Delgada.
Nesta freguesia de solo rico e fértil, a agricultura teve desde sempre um papel preponderante na economia local. O trigo que era inicialmente a produção agrícola abundante, foi substituído pela produção da cana-de-açúcar que alimentava a indústria de aguardente através de dois engenhos, hoje totalmente em ruínas. No entanto, o açúcar madeirense sucumbiu a uma série de ocorrências que, no seu conjunto, contribuíram para a diminuição da produção, como foi o caso da concorrência da produção brasileira, da carência de adubagem, da desafeição do solo e das alterações climatérica; desta forma, a população procurou outras culturas de substituição, pelo que o vinho passou a desempenhar um papel relevante a partir dos finais do século XVI. A pesca foi também, em tempos, uma actividade de relevância no equilíbrio da economia local, no entanto, na actualidade, o seu peso económico, é pouco considerável.
Ressaltam no património cultural e edificado da freguesia: a Igreja Matriz, as capelas do Imaculado Coração de Jesus e dos Reis Magos, no Centro Paroquial e Social Bom Jesus, as Levadas as Veredas o Museu D. Hilária Freitas a Casa Museu Horácio Bento Gouveia, a Serra Verde com várias espécies raras, os moinhos de água, o Poço dos Romeiros, a paisagem natural e as várias casas dos antigos morgadios, que deram origem à designação da Corte do Norte.
A freguesia de Ponta Delgada é servida por um porto de mar, no lugar da Igreja, e um outro denominado Passo da Areia.